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Dois meses após homenagear Nikolas Ferreira, Juliano Duarte é vaiado e diz ser da base de Lula

A política em cima do muro de Juliano Duarte
Lula intervém para que Juliano Duarte pare de ser vaiado pelo público

A visita de Lula a Mariana nesta quinta-feira (12) serviu como palco para uma cena emblemática da crise de identidade política do prefeito Juliano Duarte. Vaiado por parte do público enquanto discursava na Praça da Sé, o chefe do Executivo municipal só conseguiu manter sua fala graças a uma intervenção direta do presidente da República, que apelou por respeito e civilidade. O constrangimento, porém, não se deve apenas à falta de decoro da plateia — mas à dubiedade que marca a trajetória recente do próprio prefeito.

A principal razão da revolta popular foi a condecoração, em março, do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) com a Medalha Presidente Pedro Aleixo, a mais alta honraria da cidade. Nikolas é abertamente opositor de Lula e símbolo do bolsonarismo jovem. Ao premiá-lo, Juliano acenou à base mais conservadora do estado e pareceu fazer um acerto de contas com o espectro político que o ajudou a se eleger. No entanto, no palco ao lado de Lula, fez questão de reafirmar sua posição como “prefeito da base do governo federal”. Um aceno contraditório e oportunista.

Essa postura calculada evidencia o dilema clássico de políticos que tentam agradar gregos e troianos. Juliano tenta se manter próximo de Brasília, usufruindo da popularidade e dos recursos do governo federal, ao mesmo tempo em que flerta com a direita bolsonarista para não perder espaço local. Essa tática pode render dividendos imediatos, mas cobra caro em coerência. No longo prazo, o eleitorado — mesmo em cidades historicamente moderadas — cobra posicionamentos mais firmes. A política do “ficar em cima do muro” tem prazo de validade, e os ecos das vaias na Praça da Sé parecem sinalizar que esse prazo pode estar se esgotando.